Por Grenda Costa
Sessão 5 – Todo Romance Termina Assim, No início do Mundo, Fluxo o Filme, Do tanto de telha no mundo e Avôa.
Eu adoro narrativas que se centram em adolescentes/jovens adultos. Sempre são narrativas que me envolvem por falarem de um momento da nossa vida que tudo é incerto, que se experimenta e se erra muito, mas principalmente, por existir um quê de esperança em tudo porque, afinal, as coisas só estão começando: tudo é possibilidade. Para você, que está a prestes a ver também essa sessão cheia de pedaços de juventudes alheias ou que já viu e teve a curiosidade de saber o que alguém possa ter escrito sobre eles, desejo que sua experiência seja parecida com a minha.
Eu espero que você também ria de nervoso por se identificar demais com as experiências amorosas do Enfaixado em “Todo romance termina assim”. Que ache incrível como são literais e ainda assim lúdicas a interpretação visual de cada personagem e desse universo. Que encontre o humor ácido em todas as piadas escondidas nos cenários e que ache os posicionamentos políticos também.
Espero que você ache lindo o momento em que “No início do mundo” revela o porquê desse título em uma cena delicada e cheia de inventividade. Que você também ache inovador como o filme trabalha um gênero tão estabelecido como o musical de forma a incorporar elementos brasileiríssimos, mineiríssimos.
Quero que você se deixe levar pelo ritmo do passinho em “Fluxo o filme” e esteja totalmente à vontade quando a realidade te pegar de assalto e as imagens documentais invadirem seus olhos e fizerem seu coração parar por um minuto. Afinal, a juventude é uma experiência completa feita de sonhos e tragédias. Espero que você nunca esqueça dos nomes que aparecem no fim do filme. E de nenhum outro que foi interrompido assim.
Espero que você tenha um interior e se identifique de cara com a paisagem do Sertão Central do Ceará vista pela janela de uma topique (que djabo de van o que) no retorno para casa do protagonista em “Do tanto de telha no mundo”. Que você entenda os silêncios dele evitando contar aquilo que vai mudar tudo para ele e para sua mãe porque talvez você já tenha tido que fazer isso. Que a atuação brilhante da Ana Marlene também te deixe de coração partido. Que você ache muito familiar o jogo de adedonha. E que sinta um sabor agridoce na boca quando a topique partir.
Desejo que você lembre do seu avô quando “Avôa” começar. Será que você também foi o primeiro a fazer esse monte de coisa na sua família? Você também carrega o peso nas costas daqueles que têm sempre que ser excelentes? Espero que você não esqueça de cantar a música que teu avô cantava pra ti sempre que você se sentir perdido. Ah, e que você dance também. Você não pode esquecer que sempre que tiver a oportunidade de dançar, dançar.
Tomara você tenha conseguido ver todas as sessões na ordem que elas foram pensadas e essa seja a última que você está vendo. E você perceba que a partir daqui, tudo começa de novo. Que não importa sua idade, tudo é possibilidade. Espero que o cinema, mais uma vez, tenha te dado um sopro fresco de esperança. E que nesse momento você esteja talvez num bar com seus amigos, voltando para casa no ônibus ou lavando uma louça e cantarolando feito criança “sabiá lá na gaiola fez um buraquinho/ voou, voou, voou”.